quarta-feira, 28 de maio de 2014

Texto do meu professor de História mentiu para mim.

Este texto pertence a página MeuProfessorDeHistoriaMentiuPraMim onde o motivo desta publicação é ter um link de acesso direto ao texto facilitando o encontro deste. O texto se refere ao comportamento das pessoas de direita no caso do professor de história que rasgou um livro do professor Olavo de Carvalho. (Foto sobre o ocorrido).

Querem saber? Não estou achando nem um pouco bonita a campanha que alguns internautas e algumas páginas estão movendo contra o professor que rasgou o livro de Olavo de Carvalho em sala de aula. O cidadão se viu tão assediado, que foi obrigado a excluir o próprio perfil do Facebook. Gente, isso não se faz! Há mais ou menos um mês, o professor de História goiano Alexandre Seltz, publicou no perfil d
ele uma imagem que consistia de um pequeno texto assinado afirmando o repúdio à lavagem cerebral marxista promovida pelo sistema de ensino brasileiro. Páginas de esquerda e militantes do MAV passaram a atacá-lo das formas mais vis. Pegaram uma foto no perfil dele no Facebook e começaram a produzir toda sorte de memes ridicularizando-o. Alexandre reportou-me que também choveram mensagens ‘inbox’ com os mais diversos conteúdos, que iam desde impropérios até ameaças de morte. Nada disso me surpreendeu, visto que a esquerda sempre usou esse tipo de ‘modus operandi’ e qualquer um que levante a voz contra ela sabe que precisa estar preparado para enfrentar a fúria da turba ensandecida pela blasfêmia contra a sua religião.

O que me deixou surpreso mesmo foi o fato de, tão pouco tempo depois, o mesmíssimo processo se repetir com o sinal invertido. Nietzsche escreveu, certa feita, que quem quer que resolva enfrentar monstros deve assegurar-se a cada instante que não está se tornando um deles. E é exatamente isso que está acontecendo com muita gente no Brasil atual. Ao se darem conta da baixeza dos métodos e procedimentos da esquerda, alguns decidem combate-los revidando na mesma moeda. Ocorre que, não se apaga fogo jogando querosene. Que autoridade a direita terá para falar de valores morais ou de honra, e/ou denunciar a perseguição promovida pela esquerda, quando tantos entre aqueles que se autoproclamam “de direita” estão a cada instante lançando mão dos mesmos expedientes??! Malgrado o fato de eu vir denunciando a “guerra assimétrica” que a própria esquerda impõe, com base em sua hegemonia cultural, à direita, pela própria natureza do jogo político, não é qualquer recurso que pode ser retribuído da direita para a esquerda, sob pena de, até mesmo, perder-se o foco do combate e afundar tudo na lama da baixaria pura e simples.

Qual parâmetro devemos usar para decidir como é lícito e como não é lícito proceder? Simples, aquele que nos foi dado por Jesus: “amai ao próximo como a ti mesmo”. O que significa: “não faça com os outros aquilo que você não gostaria que fizessem com você”. Assim, passo para a análise de alguns materiais que eu vi: o primeiro que circulou foi um ‘print’ da atualização de status do professor com determinados trechos marcados em vermelho. É claro que esse é um meme lícito. Foi colocada em um ambiente público por seu próprio autor, o meme apenas chama a atenção para o que ele disse, sem deturpar nada e a foto do rosto dele aparece no meme tal qual aparecia no perfil do autor no momento em que o dono do perfil havia publicado. É necessário ter um mínimo de cuidado com a imagem alheia. Muitos devem estar pensando: “mas você faz escárnio com as imagens de Dilma, Luis i-Néscio, Maria do Rosário, Marilena Chauí”. Sim, faço. Mas essas são pessoas públicas e, dessa forma, a imagem delas está “à venda no mercado”, quem “compra” pode, DESDE QUE respeitando respeite a Lei (não promover, por exemplo, incitação ao crime), fazer o que quiser. As fotos do professor que rasgou o livro e de Alexandre Seltz não estão em jornais e na televisão, mas nos seus perfis PESSOAIS do Facebook, isso faz toda a diferença.

A página Esquerdopatia da Depressão 4 usualmente publica memes com o ‘print’ de determinado comentário acompanhado de uma foto retirada do perfil de seu autor. Eu não chamaria esse de um expediente 100% lícito, mas também, dado o baixo alcance das imagens, não é nada que vá traumatizar suas vítimas. Não deixa de ser uma “espetada”, mas é uma “espetada” leve, da qual se ri agora e, na semana seguinte, todos já terão esquecido. O problema é quando a campanha contra determinada pessoa se viriliza, quando o engajamento é em massa, como foi o caso tanto de Alexandre Seltz, quanto do professor que rasgou o livro. O cidadão, que até então vivia uma vida pacata, de uma hora para outra é jogado no covil dos lobos, cada um se apropriando de sua imagem da forma que bem entender. Isso, eu não acho certo. Até porque os seres humanos possuem os temperamentos mais diversos.

Dessa forma, alguém pode produzir um meme como o publicado pela páginaMEC DA DEPRESSÃO, no qual o rosto do personagem Edward Mãos de Tesoura foi substituído pela do professor bibliofóbico e a capa do livro que foi rasgado próxima às suas lâminas. Eu, particularmente, teria publicado esse meme, cuja ideia é, de fato, genial, somente com Edward e o livro, sem mudar o rosto do personagem (Este texto já estava escrito quando decidi publicar a imagem http://goo.gl/N0zpCZ). Seria o suficiente para fazer menção ao ocorrido, criticando a atitude e preservando a imagem do agente. Não obstante, por se tratar de apenas de piada cujo sentido tem até certa dose de puerilidade, penso que, se tivesse visto a imagem, o próprio criticado teria rido (pelo menos, se fosse comigo, eu riria). O problema foi o pessoal que pegou pesado. A exemplo de uma montagem com a foto desse professor em tamanho grande, chamando-o de “lixo” e comparando-o a um ator pornô (!!!) Eu não gostaria de ter visto minha imagem nesse tipo de montagem e, dessa forma, eu não colocaria lá a foto de mais ninguém. Sugiro que aqueles que compartilharam memes desse tipo, que o apaguem de seus perfis e entrem em contato com os administradores das páginas que os produziram explicando-lhes porque é importante manter o nível (os argumentos estão no segundo parágrafo desse texto). Daqui para frente, fiquem mais atentos na hora de compartilhar memes que envolvam fotos de pessoas comuns. Perguntem-se: “se fosse minha foto lá, o que eu sentiria?”. Procedendo dessa forma, poderemos todos usufruir com responsabilidade das possibilidades técnicas da Internet, sem precisar de Papai Estado extorquindo nossas consciências com a arbitrariedade de um “Marco Civil Regulatório”.

Além disso, é preciso comentar o comportamento dos que mandaram mensagens para o professor. Eu não sei que tipo de mensagem ele recebeu, porque não conversei com ele, mas espero, de toda minha alma, que tenham sido mensagens argumentativas e sem ofensas, ou seja, diferentes daquelas recebidas por Alexandre Seltz. Para que ofender? Quem se incomodou com o caso deveria ter investigado o que de fato aconteceu, tentado descobrir o nome do aluno envolvido e repassado a incumbência de punir o transgressor para as autoridades responsáveis, ainda que elas não façam nada. Esse professor tem todo direito de comprar um livro de Olavo de Carvalho, destroça-lo, fotografar os efeitos de seu ódio irracional e postar em seu perfil pessoal. O que ele não tem direito de fazer (e eu espero sinceramente que ele não tenha feito) é ter notado que determinado aluno da classe tem levado qualquer que seja o livro para a escola, comprar um exemplar do mesmo livro e rasga-lo em sala de aula, na frente dos colegas. Isso seria submeter o aluno a constrangimento e, se assim ele tivesse procedido, deveria receber uma punição à altura de sua sandice. Quanto pior se ele tivesse tomando o livro do aluno e rasgado, ação que além da perfídia da dimensão simbólica ainda teria causado um prejuízo material para o aluno.

Como o ambiente em que toda a repercussão do fato aconteceu foi uma rede social, seria muito mais interessante (e inteligente) que a energia gasta em atacar diretamente a imagem do professor tivesse sido investida em descobrir o nome do aluno e saber dele o que de fato aconteceu. Inclusive porque, como nós sabemos, submeter o corpo discente ao assédio moral tem sido uma das técnicas do processo de lavagem cerebral levado a cabo nas escolas brasileiras, de modo que o jovem envolvido nesse fato pode estar precisando de ajuda, perdido, sem saber a quem recorrer para denunciar a agressão simbólica que sofrera. Não é porque nos utilizamos do humor para abordar a política que todas as abordagens devem ser reduzidas à chacota, ao chiste, à galhofa. Conforme ensina Eclesiastes 3, há o tempo certo para tudo. E eu espero que alcancemos a sabedoria e o discernimento para saber a forma apropriada como se portar em cada situação, tanto de vista da estratégia quanto do ponto de vista da ética.

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